quinta-feira, 17 de junho de 2010

Saberia ela?



Fazia tempo que ela não pensava em como as coisas tinham mudado, só que hoje, meio sem querer, abriu a agenda, que abandonou há exatos dois meses, e encontrou uma carta escrita na hora de um desespero qualquer. Aquela, que como tantas outras, nunca chegara ao tão sonhado destino, adormecera sem antes sufocar o destinatário com tantas desculpas esfarrapadas e soluções ingênuas para problemas irreais. Os fatos daquela carta tornaram-se verdade, e também mentira, em pouquíssimo tempo.

A descrição era do mês mais alegre do ano, mas também o mais efêmero. 28 dias de serpentinas brasileiras. Talvez por isso, ela tenha sentido tanto a falta daquela primavera, também de tão poucos dias, no entanto os que provocaram os sorrisos mais verdadeiros e duradouros. Gritou a vontade de lacrar o corrompido, correr até o correio mais próximo e despachar ao encontro de quem deveria. Só que aí vieram os primeiros pensamentos: como os de Caio Fernando Abreu: "Como chegar para alguém e dizer de repente eu te amo para depois explicar que esse amor independia de qualquer solicitação". Outro pensamento rápido nascera: saberia ela o que era amor?

Desde tão pequena fora super protegida por todos. Parecia frágil: "logo morreria". Era o que todos pensavam. Chegou quase a morrer, por escolha. Era egoísta o suficiente para se idolatrar.  Desistiu até reencontrá-lo. Nunca precisara decifrar o que sentia, já que sentiam por ela. Nunca derramou lágrimas, não pela frieza, mas com medo de desmanchar as máscaras. Era mais fácil não ser.  Tarde demais, pois estava, agora, descobrindo o que era precisar realmente de alguém por puro sentimento. E do jeito mais cruel: cheia de saudade.

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