A língua passava sobre os dentes,
só sentia o gosto amargo e áspero
do último beijo roubado.
O nojo corroia as sementes,
trazendo como ânsia o vício.
Escova. Pasta. Fio.
Sem nenhum sacrifício.
A esperança maquiavélica
desenrolava frenética
diante o ego mágico
do espelho apático.
O dente afiado
desmanchava as cedras que
limpavam o cheiro de passado
fincado em mim.
Rasgaram os lábios.
Sangraram os dentes.
Petrificaram a gengiva.
Sem préstimo.
O gosto da lembrança
sempre renasceria no ar.
Com asco da esperança
a boca soprava o cuspe para marcar.