domingo, 9 de agosto de 2009

[re]Verso


Os olhos de Hades despertavam em mim curiosidade. Olhava o senhor do [sub]mundo insistentemente, procurando o motivo de tanto mal humor. Após longas análises, entendi, ele era o avesso de tudo. Aquelas respostas ensaiadas diversas vezes em frente ao espelho, esperando as ocasiões certas, na verdade, esperaram anos para serem arremessadas ao ânimo dos estúpidos. Tudo não passava de um amor imenso, frustrado.

As armilas do globo malograram-o. Esperava o porvir sem expectação. Sem muitas palavras, apenas as inteligentes, despertava temor nos bárbaros. Desta vez, o elmo mágico servia para dissuadir os mortais, proveu minha satisfação.

Aquela constante oposição deslumbrou meu compasso, grassando o [re]verso. Presenciei o Invisível nas suas diversas sedições. Perscrutei seu sarcasmo, quando encontrei - o num grande espetáculo.

Três dedos percorriam as cordas do violão, produzindo um som desconhecido, a inspiração vinha do assobio que parecia ilustrar as notas musicais com frações de fonemas, sememas, trazendo ironia e repúdio aos ouvidos.

Aproximei-me, talvez pela parecença, quiça pelo esmero. O reino dos mortos aceitou minha alma com grande hospitalidade, no entanto, ele partiu ao Olimpo, para curar-se da chagas aguilhoada por Hércules. Não restituirei o passado, mesmo que me torne sua sombra.