terça-feira, 30 de junho de 2009

A minha escolha...


Minhas mãos ficaram frias. Os olhos encheram de lágrimas. Sabia que tudo poderia dar errado dali para frente. Abri a porta, corri para abraçá-la, mais uma vez foi o colo dela que calou as minhas dúvidas e confortou os meus sentimentos, com a força certa, mostrou-me que meus pensamentos podem interferir nas minhas atitudes, mesmo inconscientemente. Longe, pareço uma criança que admira romanticamente sua mãe. Perto, sou apenas uma garota que escuta todas as histórias atentamente, esperando absorver seu conhecimento.
O espelho estava a minha frente, sentia medo de abrir os olhos, ela segurou em minhas mãos, incentivou minha coragem e meus sonhos. Aprendi a olhar ao meu redor, ora tirando os pés do chão, outra pousando forçada. No começo, apenas, o respeito. Hoje, o amor incondicional.
Passei anos tentando sair do mundinho encantado da Alice, procurando a realidade, majestosamente, com um estalar de dedos aquela senhora despertou-me do transe. Parecia irreal que a busca incessante havia chegado ao fim, desta vez um engano. Seriam, agora, passos a distância. O tempo passou.
A luz do sol batia timidamente, nos cabelos loiros, iluminava um pouco das páginas do romance. Aproximei-me, sentei ao seu lado, beijei seu rosto e lhe abracei, cochichando ao seu ouvido revelei: "Minha mãe, de coração, sempre estarei aqui, independente do tempo e dos acontecimentos. Amo-te, sem explicações". Ela apenas olhou em meus olhos e sorriu.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Uma carta


Meu bem,

hoje, subi ao sotão, procurava uma fantasia para a festinha à fantasia que a minha filha irá na próxima semana. No meio de tanta bagunça encontrei diversas caixas de fotos, bilhetinhos de cinema, papéis de bombons e 5 cartas suas, o número perfeito, você lembra? Juntei todas, cada uma despertou todas as minhas lembranças. Prometemos o mundo um para o outro, cumprimos agumas dessas promessas, outras foram esquecidas com o tempo, sem que ninguém entendesse.

Minha filha subiu correndo, chamando por mim, abracei-a, lembrei do nosso antigo sonho de ter filhos, das brigas pela escolha dos nomes e de onde iriamos morar. Chorei, com saudade das expectativas, dos sonhos não realizados, no entanto senti-me confortada por perceber que sempre estaremos juntos, que será eterno o que vivemos, mesmo que, apenas, no nosso passado.

Ela perguntou quem era na foto, sorri e disse: "uma pessoa que sempre foi especial, que não vejo a algum tempo, mas que sinto saudade.". Intrigada ela disse: "mãe, porque você não convida ele para vir jantar com a gente?".

Emocionada respondi: "Rafaella, talvez ele esteja ocupado, agora.". Ingenuamente ela insistiu: "Você deveria, mãe.". Descendo as escadas, falei que ligaria no dia seguinte.

Não esqueci, apenas não tive coragem. Talvez ainda encontre você...espero que não tenha nos esquecido.