quarta-feira, 29 de junho de 2011

Aquele perfume enjoativo...

Todo mundo pode sentir cheiro de medo. Não dá para disfarçar. É como se burrifassemos perfume forte, com uma fragrância doce e enjoativa nos pulsos e pescoço. Não tem como voltar atrás, o cheiro permanecerá o dia inteiro, mesmo que tentemos desesperadamente tirá-lo do corpo. Água não ajuda, assim como sabão também. É preciso esperar passar o efeito. 
Já no final do dia, você nem lembrará que tinha feito a mesma besteira na semana passada, escolhendo um perfume que te provoca enxaqueca, só por causa da marca. Não tem perdão, quando a gente erra todo mundo pode aconselhar: "doa o perfume", "esconde", "joga fora", "não usa", mas vamos sempre acha que nossa pele combina com aquele cheiro, que os minutes antes de sentir dor de cabeça valem à pena e acabaremos deixando o perfume lá na penteadeira, esperando o dia daquelas saudades da enxaqueca e nem pensaremos duas vezes em colocar duas gotas de essência. E ninguém vai opinar, nem olhar torto por isso. Um dia o perfume muda de cheiro, pensando na nossa alergia ou nossas narinas vão criar uma proteção e passar a suportá-lo. Quem vai saber? Só testando, né? 
Tudo para que ninguém descubra um odor ainda maior: medo da solidão. Mas entenda, esse cheiro ficará mais forte com o passar dos dias e você precisará ainda mais de perfumes. Talvez seja melhor encontrar um outra solução. 

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Qualquer coisa, menos poema...

Se eu usar você
que seja específico
Com direito a pronome possessivo: 
Seja MEU. 

Sem nós. 
Sem corda.
Apenas prós.
Acorda!

Não precisa dela.
Nem de vício.
Estilhaça. Apedreja. Martela.
Não eras meu desde o início.

Mas nem se assuste
não sou rude
Só vou juntar o relativo ao indefinido
ONDE pode fazer ALGUM sentido
beijar você no final.

Torre de babel


Podia dizer o que quisesse, só o vento poderia entender. Estava sozinha, deitada naquela cama, noutra cidade, noutro país, com pessoas que só falavam inglês, francês, alemão e espanhol. Qualquer palavra em português seria mero grunhido. Ela sentia saudades de casa, da comida da mãe, do som do violão do pai e das conversas com a irmã caçula, mas era o sonho dela estudar na Argentina e viver novas aventuras.
Estava em Buenos Aires fazia pouco mais de 2 semanas e já conhecia muitos lugares na cidade, sentia-se tão bem, que não pensava em voltar para casa. Não tinha vivido nenhuma grande aventura, ao menos que descer na estação de metro errada contasse. Pensava sim todos os dias no namorado que havia deixado para seguir o sonho. Ele adoraria andar pela capital argentina, abraçado naquele frio, falando sobre passeios pelo rio Sena, lá no velho mundo. Talvez a conversa fosse sobre novas coisas, novos lugares e talvez eles. Vai saber!
Ele nem sabia da saudade, ela não suportou a ideia de mais uma vez viver um relacionamento a distância. Por isso, decidiu terminar algum tempo antes da viagem. Meses antes, sejamos sinceros. Ela não teve coragem de continuar o relacionamento até vésperas da viagem, com a desculpa de que ele se machucaria, mas na verdade, ela tinha medo mesmo era de desistir do sonho por causa da paixão por ele. Ela nunca falou isso para ninguém, mas deitada naquela cama, dividindo quarto com estrangeiros, ela podia falar qualquer coisa. E até mesmo chorar. Ninguém poderia julgá-la, nem emitir qualquer opinião sobre o que ela fizera. Não seria condenada em qualquer língua, só pela própria recordação. 

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Na contramão

Ver a vida de maneira literária não é para qualquer pessoa. Tem quem olhe a vida com muito pessimismo e acabe inventando histórias, textos e emocionando a gente. Eu achei que tivesse o dom de transformar em literatura tudo que eu sentia, mesmo que fosse confusão, desamor, tristeza ou mesmo felicidade. Era muito fácil contar aqui no blog toda a minha vida, só que agora não sei mais fazer isso. 
Não é que não queira, pelo contrário. Queria mesmo era dividir com vocês o que se passa na minha cabeça, o que eu vivi nesse último mês e o que eu superei hoje, só que aí me falta criatividade. Não vem inspiração, nem vontade de sentar em frente ao computador, acessar o blog e só sair daqui quando o texto estiver redondinho e cheio das minhas manias. Não tenho a mínima coragem de me expor mais. Na verdade, acho que nem é isso. Parece mais preguiça.
Ontem, percebi que tenho mil ideias para contos legais, com histórias que seriam gostosas de ler, só que construir os personagens dá muito trabalho, entender o motim do texto também. Aí acabo desistindo, porque chego em casa tão absurdamente cansada de ter passado o dia inteiro escrevendo realidade, que fica um pouco difícil contar os sonhos que passam no meu cérebro.
Parece quem tem um pouco de culpa da conectividade, pela facilidade de fazer trocentas mil coisas ao mesmo tempo, sem ter foco (e que eu amo fazer, diga-se de passagem): conversas no msn, sites de notícias, twitter, música, jogos, filme...tudo ao mesmo tempo. Aí a literatura tem ficado de lado. Tanto fazer, como degustar. 
Sinto-me péssima com isso, daí resolvi começar a procurar uma máquina de escrever. Porque assim, não haverá possibilidade alguma de me conectar com outra coisa, além dos meus pensamentos, as personagens e o texto. Algumas pessoas no twitter me prometeram procurar as máquinas dos avós, para vê se ainda funciona e me doar. Vou amanhã num antiquário, lá talvez consiga encontrar o que perdi.