domingo, 17 de junho de 2012

Tem gente que aparece numa fase da sua vida que nada dá frutos. Aí dá aquela vontade de dizer: "volta mais tarde, quando eu tiver limpado o meu quintal inteiro, para você se instalar no quarto principal da casa". Só que não tem tempo. Simplesmente você não está preparada para viver novos romances e se fecha, como se trancam os antigos baús, com chaves e senhas...
Aí um dia, como se ninguém te reparasse,você se destranca com cuidado, sem fazer barulho e sai pro mundo, como se nunca tivesse passado anos reclusa. E um dia volta, como se nunca soubesse o que é luto. E a vida é isso: entrada e saída, uma busca incessante por felicidade.

domingo, 29 de abril de 2012

Sem querer

Tenho motivos para esquecer você. Quero minha paz novamente. Quero olhar para o calendário e não lembrar que no mesmo dia, um ano atrás, estávamos fazendo alguma coisa. Juntos. O primeiro samba, os compassos marcados pelo meu pânico de deixar você me conduzir. A minha entrega, depois da sua insistência. O primeiro beijo. Que precisou de teimosia para depois virem outros. E foram diários, semanais e obrigatórios. Quero trocar os Móveis por alguma coisa nova, só para não sentir o cheiro dos "nós". 

Quero entrar no chuveiro, molhar os cabelos e não lembrar das suas mãos passando pelo meu corpo. Depois me enrolar na toalha e nem lembrar dos seus olhos me convidando para deitar. Quero me jogar na cama e dormir, sem precisar sonhar. Ou ter pesadelos contigo, dizendo que me ama. 

Quero um emprego novo. Uma casa nova. Outra cidade. Quero olhar para os lugares e não ver nada seu neles. Quero não ver seus lindos olhos na fila do metrô. E não escutar seu nome em cada nova música. Quero não sentir o seu gosto em casa beijo novo. Quero não tocar em ti a cada encontro com amigos antigos. Quero não lembrar do gosto do seu corpo sobre o meu. E das nossas brincadeiras a cada encontro. 

Quero não te visitar nas redes sociais só para saber se ainda continuas lá. Quero que troques de celular. Que percas meu número. E que não venha com velhas perguntas para saber onde estou. Quero tomar um copo d'água e sentir o gosto insípido. E que a chuva tenha o mesmo gosto. As lágrimas não. Quero pensar em você como um desconhecido. 

E também não quero. 

Não quero novas cores para os meus lábios. Não quero ler, pensar ou pisar em Paris. Não quero trocar os dias de festa por horas de sono, nem me trancar no quarto e passar horas olhando para a porta, esperando que ela se abra. Não quero escândalos depois de doses de tequila. Não quero passar em frente ao seu prédio, duas, três, quatro vezes no dia só para saber se está em casa. Não quero ligar de um número desconhecido para escutar sua voz dizer "alô", nem inventar promoções das operadoras só para escutar um sim. E nem jogar fora os LP's dos Beatles, a vitrola e me atirar do décimo andar. Sem me arrepender. Não quero escolher o nosso destino

Quero te colocar na lixeira, sem coração apertado. Só que ainda resta a esperança de um dia restaurar. E criar novas pastas, aplicativos e fazer download para tomar conta de todo o espaço da minha memória. 

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Mais uma Lisa para contar a História

Lisa era daquele tipo de mulheres que topa qualquer parada. Não entenda mal, ela não é daquelas mulheres fáceis que saem por aí distribuindo sua sexualidade. Longe disso, ela faz as escolhas certas, nas horas que acha que deve. A diferença é que ela não é encanadinha como a maioria das meninas: não sonha com príncipe encantado, não acha que o namorado vai ser fiel até o fim da vida, nem que ela é a mulher mais bonita e interessante para ele estar. Ela é realista. E sonha às vezes. Mas, são sempre sonhos relacionados a sua vida, ao seu bem estar e a sua profissão. Lisa sonha com uma carreira de jornalista que possa contar ao mundo histórias de pessoas desconhecidas e ainda sim muito importantes. Sonha em fazer um mestrado na Argentina, depois um doutorado em Paris e só aí voltar à casa para fazer tudo que puder pelo jornalismo da sua cidadezinha-linda-aconchegante-e-que-cheira-a-amor.
Todos os relacionamentos dela - digo os amorosos - foram sempre muito sem brilho, com um entusiasmo mais do lado masculino. Havia sempre uma vontade de enjoar do outro, de deixar o outro sem tanta atenção, sem muito comprometimento... ainda que houvesse sentimento. Era um deixa estar, não vou me apegar, porque daqui a pouco vou embora. E nem era um tão daqui a pouco assim: 5 anos, 3 anos, 1 ano e meio. Teve uma tentativa de viver uma grande aventura, uma história de não ter sentimento nunca, de gostar apenas da companhia e com uma vontade sempre recíproca. Só que aí, na metade do caminho... ele confundiu as coisas, mas continuaram. Depois, foi ela quem sentiu e ele achou melhor uma Lisa desencanada, o que ela seguiu sem pestanejar. 
Aí lá no final da história, não tão final assim, apareceu um garoto diferente do que ela achava que poderia se apaixonar. Parecia com ela nos sonhos, nos gostos, não nas atitudes. Ele gostava de dizer o que sentia, fazia planos sem nem imaginar se ela queria. E agora, faltava somente 3 meses para a sonhada viagem à Argentina, com direito a prova de mestrado. Lisa foi se contorcendo de uma maneira que tentava enrolar os sentimentos, para não apagar os sonhos. Mas já não tinha jeito, era refém da afinidade, da admiração e de tudo que o amor traz. Lisa amava pela primeira, segunda, terceira vez. Parecia tudo junto, uma mistura de sentimentos pela mesma pessoa. Pensou em mudar de foco, em deixar de ir para Buenos Aires naquele ano e quem sabe quando ele pudesse, chegou a achar que o amor era mais importante que sonhos e ficou boba, como todas as meninas são quando estão apaixonadas. Nas nuvens, era assim que ela andava. E nem sabia por onde pisava, foi deixando que ele a pegasse pelas mãos e fosse levando-a por um caminho tão bonito que nem olhava para trás, ou para frente. Havia para quem sorrir, era o que importava.
E aí, sem motivos quaisquer ela tropeçou numa grande pedra e caiu lá do alto. Sentiu um medo absurdo quando estava em queda livre, mas a confiança que tinha nele era tão grande que achava que mesmo que ele não fosse um super herói, também se lançaria em queda livre para apenas voar segurando suas mãos. 
Lisa estava enganada, nunca houve qualquer preocupação, amor ou entendimento. Era sonho, sonho de menina que quer se apaixonar. 

domingo, 5 de fevereiro de 2012


Cadê a tal da feliz cidade?

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Novos medos

Meus medos passaram a ser outros, assim como nasceram mais aflições e dramas.

Não tenho mais receio de morar o resto da vida na cidade onde eu nasci, eu tenho medo de um dia não conseguir voltar para o colo das mangueiras mais quentinhas e gostosas do país. 
Não tenho mais receio de ver todo mundo que eu amo ir embora, tenho medo que todos decidam me abandonar ao mesmo tempo, enquanto ainda não pude dizer o quanto são importantes.
Não tenho mais receio de passar anos buscando a felicidade, tenho medo de nunca mais encontrá-la.
Não tenho mais receio de chorar, tenho medo de não ter lágrimas para libertar quando houver dor.
Não tenho mais receio de sofrer, tenho medo de nunca mais me sentir amada.
Não tenho mais receio de perder a visão, tenho medo de perder a lembrança de toda minha vida.
Não tenho mais receio de amar, tenho medo de nunca mais cantarolar e dar passos nas nuvens entre os carros. 
Não tenho mais receio de nunca encontrar alguém que me ame na mesma proporção e saiba demonstrar isso, tenho medo de nunca mais conseguir dizer "eu te amo" com o mesmo significado que meu coração dá à frase.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

De volta para casa...

Belém sempre teve uma magia dentro de mim. É um amor estranho, cheio de coisas do passado que não sei bem explicar, mas ao mesmo tempo sempre senti uma vontade incontrolável de ganhar o mundo, de viver em outros países... ser jornalista internacional. Não que isso tenha acabado. Só foi adiado, em pouco mais de 1 mês em Buenos Aires percebi que a minha cidade tem uma capacidade absurda de regenerar meus sonhos e só é possível aqui, nas minhas raízes, junto com quem eu amo. Buenos Aires é um encanto, é uma cidade onde eu moraria, onde construiria família e sonharia ainda mais alto, entretanto... não agora. Não agora que preciso realizar sonhos aqui em Belém. 
O clima quente e aconchegante da Cidade das Mangueiras faz uma falta tão grande, mesmo com todo aquele calor portenho. E confesso que o que mais gostava em Buenos Aires era poder falar espanhol a hora que eu bem quisesse...