quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Encontro




Minha querida,
tantos anos sem ter contato algum. Sem visitas. Sem cartas. Sem recados. Sem telefonemas. Sem saber como tu estavas. Sem poder sentir teu novo cheiro. Sem escutar nenhum acorde do antigo piano. Sem saber se ainda gostas daquele mesmo sanduíche da esquina da nossa rua. Lembras?
Apenas lembrança das gargalhadas inocentes, dos passos antigos copiados de alguma bailarina famosa, do vicio em breu, das primeiras sapatilhas, a primeira aula de ponta, das dietas malucas, das quedas, da sensação maravilhosa dos palcos, dos choros de felicidade, os de decepção, das confissões, dos segredos públicos e os secretos, também. Ah! Eu lembro tão bem...
Não posso mais te tratar da mesma maneira, talvez me olhasses com reprovação, porque não há mais carinho, não há mais cumplicidade, apenas passado, e o passado não volta, não é mesmo?
Agora te vejo de longe, com um sorriso no rosto aplaudo de pé, para mostrar a todos a admiração que tenho de te ver chegando tão longe...

Onde um dia sonhamos estar, mas, hoje, em novos espelhos...

domingo, 26 de outubro de 2008

Roda viva


Ai, no final das contas, só o eterno medo de roda gigante!
E a morte? Fica para o início.
A vida? Roda viva...

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Ruas


Andava solitária por uma avenida movimentada, contrária a todos os carros, a todas as pessoas, a todo barulho, a toda beleza do céu de dezembro. Só conseguia pensar nas besteiras em que pude te dizer nos meus momentos de raiva, só poderia pensar, nada voltaria. As lágrimas teimavam em nascer, eu teimava em engolir, sabia que a frieza retornaria, era questão de segundos.
As buzinas me despertavam do pesadelo, fazendo voltar ao meu caminho. O desespero da mudança baixou minha cabeça, não enxergava nada a minha frente, só sabia olhar o presente, sem soluções, sem volta, com muito medo.
Pensei em voltar, correr atrás de ti. Tropeços. Lá vai meu coração...

Caindo...
Caindo..
Caindo.

Triste despedida!

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Apenas cores...


Não fiz o que tive vontade quando me ligaste naquela noite, talvez por acreditar que seria como todas as outras vezes que me ameaçaste com a tua ausência, não acreditei que pudesses me culpar pelos teus erros. Por que não tiveste coragem em me dizer todas aquelas verdades pessoalmente, olhando nos meu olhos e demonstrando todo o ódio que teimas em afirmar que sentes por mim, porque? Queria ter tido a oportunidade de segurar nos teus braços com força, te sacudir e mais uma vez te mostrar que os dramas mudam o percurso para o lado oposto dos nossos planos.
Não tiveste coragem de me dizer a verdade mesmo quando a tua voz trêmula, no telefone, dizia. Não te culpo, eu que tomei todas as tuas dúvidas pra mim. Agora tenho que te dar liberdade, quem sabe um dia saibas reconhecer que tirei todas as agulhas dos teus assentos, mas esqueceste de me dizer que um dia precisarias de uma para a nossa transfusão.
Hoje, te vejo passar, mais preto e branco do que nunca. Tanta contradição em apenas cores. Não sei se sou o pote de ouro do final do teu arco-íris, talvez nem tenha a pretensão de ser, mas ainda estou aqui, esperando notícias tuas...

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Reflexão




Vale mesmo a pena virar o rosto para o nosso passado?

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Mudanças


No mar, a última gota salgada da tempestade passada...

Na terra, o desespero de não poder contemplar as ondas.


No céu, a esperança do amanhã.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Minha rima, meu verso, meu par...


Todos diriam que para que fosses a minha rima terias o final como o meu, mas que final se ainda estamos no começo? E como podem se meter na minha vida e decidir quem é meu verso? Escolho a ti!
Queria escrever coisas bonitinhas, melosinhas, engraçadinhas, para te encher com um sorriso de conforto, mas não posso ser hipócrita. Tantas pessoas morrem lá fora sem que os noticiários revelem isso e o que posso fazer? Tu sabes? Dirias que ainda devo lutar, tão a tua cara essa frase, meu bem, mas tens andado tão longe de mim, que acabei passando um pó no rosto para disfarçar as olheiras das constantes madrugadas em claro, pensando em como te dizer tudo isso.
Até o espelho elogiou minha atitude! Todos na rua admiraram, mas os sorrisos foram momentâneos, passageiros e cultivaram a lágrima solitária na final do expediente da bela atriz que me tornei. Isso mesmo, uma bela atriz! A que não precisou de escolas de teatro ou cinema, para encenar com perfeição a sua própria vida.
Ninguém parece me enxergar, nem eu mesma tenho entendido por que tanto desespero sem motivos, sem entendimentos, as respostas andam perdidas, talvez ainda faltem às perguntas certas para as pessoas certas. Mas qual a hora certa? Se souberes, por favor, corra pra me contar, por que as coxias estão fechando...
E ainda não encontrei meu par...