quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Encontro




Minha querida,
tantos anos sem ter contato algum. Sem visitas. Sem cartas. Sem recados. Sem telefonemas. Sem saber como tu estavas. Sem poder sentir teu novo cheiro. Sem escutar nenhum acorde do antigo piano. Sem saber se ainda gostas daquele mesmo sanduíche da esquina da nossa rua. Lembras?
Apenas lembrança das gargalhadas inocentes, dos passos antigos copiados de alguma bailarina famosa, do vicio em breu, das primeiras sapatilhas, a primeira aula de ponta, das dietas malucas, das quedas, da sensação maravilhosa dos palcos, dos choros de felicidade, os de decepção, das confissões, dos segredos públicos e os secretos, também. Ah! Eu lembro tão bem...
Não posso mais te tratar da mesma maneira, talvez me olhasses com reprovação, porque não há mais carinho, não há mais cumplicidade, apenas passado, e o passado não volta, não é mesmo?
Agora te vejo de longe, com um sorriso no rosto aplaudo de pé, para mostrar a todos a admiração que tenho de te ver chegando tão longe...

Onde um dia sonhamos estar, mas, hoje, em novos espelhos...

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