terça-feira, 17 de novembro de 2009

Além

A língua passava sobre os dentes,
só sentia o gosto amargo e áspero
do último beijo roubado.

O nojo corroia as sementes,
trazendo como ânsia o vício.
Escova. Pasta. Fio.
Sem nenhum sacrifício.

A esperança maquiavélica
desenrolava frenética
diante o ego mágico
do espelho apático.

O dente afiado
desmanchava as cedras que
limpavam o cheiro de passado
fincado em mim.

Rasgaram os lábios.
Sangraram os dentes.
Petrificaram a gengiva.
Sem préstimo.

O gosto da lembrança
sempre renasceria no ar.
Com asco da esperança
a boca soprava o cuspe para marcar.

2 comentários:

Raiza disse...

O.o Te superas. Gostei MUITO...

Anônimo disse...

A capacidade do poeta de transformar a dor em poesia é o que o diferencia do resto dos mortais... tu, com certeza, já o fazes em grande estilo!

Saudade sempre.
=*