sábado, 12 de junho de 2010

QUERIDO


Bem-vindo ao inferno!

Tudo será permitido. Não me venha com esse olhar de repressão, meio curioso, tentando descobrir se realmente tudo será permitido. Ainda não me conheces, não da maneira que achas. Sou tão previsível, que provavelmente deves mesmo saber os motivos que me levaram a decidir isso. Dessa vez, não saberás. Possivelmente, nem saberás da minha permissão.
Escondi meus olhos, para que não possas lê-los, tapei a boca, para que elas não confessem nada, fechei meu coração para que ele não apodreça, tranquei meu cérebro, para que nenhum sentimento saia daqui. Não que eles possam ir embora, mas podem ser atraídos pelo imã terrestre. Droga! Estou dando pistas de onde me encontrar. Não que não saibas. Talvez se parares em frente a minha casa, até saibas em qual janela jogar uma pedrinha. O que não sabes é que precisas quebrar a janela, para que a pedra me toque. Não ouço mais sons, perdi a audição desde que, tentado me aproximar dos teus gostos, liguei uma guitarra num amplificador, o mais alto que podia. Confesso, queria que pudesses me escutar, já que não podias mais me ver. 
Será que meus ouvidos reconheceriam teu timbre? Será que voltaria a escutar as lindas músicas, que me faziam tão bem, na tua voz?  Não é uma súplica para que voltes a tocar basta dedilhar algumas cordas, como um teste, perto de mim, para me levar ao paraíso, onde nada é permitido. 
Agora poderias me perguntar: "Queres sair do inferno, onde podes tudo, para ir ao paraíso, onde não terás liberdade?" Só uma por uma coisa: quebrar regras ao teu lado, sair da perfeita disciplina do previsível, entrar no profissionalismo de encarar a vida como ensaio. E o melhor: sempre ao teu lado, esquecendo o tic-tac e a hora de voltar para casa. Besteira? Só ela me faria feliz, agora.

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