terça-feira, 22 de junho de 2010

De.Li.rio



A temperatura do quarto era 9º, a minha era 38,5º, no entanto, quando te aproximaste fui à 50º, talvez só para ter tuas mãos passando pela minha testa e toda a tua atenção voltada para me aquecer. O frio era absurdo e eu nem me importava. Queria sentir o cheiro da tua respiração. Afastei o lençol e te abracei com a força e o sentimento de quem morreu de saudades, mesmo separados há 20 minutos apenas. Parece um tanto neurótico e assustador, e realmente é. No delírio da febre, tudo era permitido: declarações exageradas, carência incontida e até abraços sufocantes. Meio contraditório para quem todos os dias abria a boca com tanta propriedade para dizer e repetir: odeio pessoas grudentas. Piada? Daquelas infames! Entretanto, estava acontecendo. Eu sentia saudades e queria demonstrar isso com todo o meu carinho incontrolável e apavorante.
Fico imaginando: e se toda essa reação vem enquanto estou com TPM? Nossa! Alguém me internaria num hospício, com direito a camisa de força e a solitária. Finalmente eu conseguiria, ser autossuficiente, sem precisar de ninguém, quer dizer só para...
Não precisava mudar de cama, meu bem. Só queria um beijo de boa noite, daqueles que me faz ter sonhos absurdamente lindos, que me fizesse ter paciência para esperar passar toda essa febre.