domingo, 23 de maio de 2010

Silêncio. A dor que sentia provocava total silêncio. Todas as perguntas pareceriam retóricas e se não fossem, ainda sim não a fariam falar. Até voltar a escrever agora seria difícil. Conseguiram tirar o que mais amava: a liberdade. Aquela tão sonhada por toda a multidão, tema das 7 artes. Ninguém alcançaria. Ela então, menos ainda. Possivelmente num futuro próximo viveria de auto-censura, depois de viver numa profunda ditadura, mais longa que a brasileira. 22 anos havia passado. E quantos mais seriam?
Os sentimentos novamente fugiram. Prossivelmente, ela nunca mais sentira nem compaixão. A raiva já não era possível. A única vontade era de tomar uma daquelas essências que só são possíveis no País das Maravilhas. Sumiria, mesmo que fosse só para os seres tão normais e moralistas. Ela procurou no mundo real, nem no mercado do Ver-o-Peso encontraria mágica tão avançada. Fabricou o seu refúgio. Quase um mundo paralelo. Mas a viagem agora custava caro, os poucos neurônios que restavam, recusavam-se a realizar fugas tão longas, intensas e impossíveis...
O mundo estava desmoronando e nem ela poderia mais se salvar, nem nas entrelinhas...

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