domingo, 2 de maio de 2010

N

Fecho os olhos e consigo te ver sentado na minha frente, com o velho violão, franzindo a testa e cantando, com um timbre que adoro, aquela música antiga. Talvez, naquela hora, não tenha conseguido demonstrar quanta felicidade eu senti em te assistir tocar, novamente. Dedicado a mim. Na verdade, sempre é assim: não consigo demonstrar meus sentimentos, sinto arrependimento depois, mas a única coisa que posso fazer é escrever. Ainda preciso aprender a ter sentimento. Não é fácil decifrar todo esse borbulhar de coisas novas, que não estou acostumada a entender. Preciso desenvolver o poder de demonstrar que meu cérebro pensa em ti com carinho. E com um carinho absurdo! 
Mesmo com tantos dias já longe, é quase possível ainda sentir a tua respiração, que fiz questão de tantas vezes guardar. Só que para não gastar tanta recordação, solto do potinho aos poucos, com medo que fujas de mim...
Toda vez que me deito, deixo teu espaço guardado no lado direito da cama. Continuo dormindo, como se fosse de costas para ti, procurando independência de alguma forma, mas minhas mãos à noite sempre procuram pelas tuas. E não encontrá-las, traz uma saudade apertada, que provoca uma vontade de mudar todas as certezas no meu dia. Um dia elas mudarão!
E acredita que não sinto mais medo?  Sem contar até 10. Sem prender a respiração: Adoro-te, querido.

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