sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Vingança!

Ela nunca gostou de despedidas. Sempre tão doloridas e cheias de emoção. Ela preferia partir sem dizer adeus, era bem mais fácil não ver o seu reflexo amargo nos olhos brilhando de lágrimas de quem sentiria saudades. Foram tantas às vezes que ela fugiu, correu, sumiu. Chegou a ser cruel em tantos momentos, mas ela não parecia se importar. Não havia sentimento, não nela. No entanto, ela foi pega de surpresa: agora, as pessoas partiam sem ao menos pronunciar qualquer som bom. Seria vingança? 
Desejara tanto ser autossuficiente, foram os pedidos de todas as vezes que completou novos anos. Aqueles pedidos feitos na calada da noite, sozinha, de olhos fechados e com uma força de vontade incrível. Talvez, fosse à hora de finalmente não precisar de ninguém. Que contradição. Pois era exatamente agora que ela sentia falta de mãos, abraços e sentimentos. Uma despedida, exatamente nessa hora, seria suficiente para deixá-la numa tristeza profundamente corajosa. Era melhor que o vazio seco, áspero e quente que a deixava em pânico pela ausência de uma única prosa. Verso. Palavra. Silêncio.
Ah! Silêncio. Talvez ele explicasse, mas essa sensação de que a qualquer momento nascerá um som, Lá, com sustenido. Em qualquer timbre, em qualquer frequência. Ela estava destinada a provar do veneno que desenvolvera. Agora, talvez, não haja mais voz, nem palavra, nem silêncio. Quem sabe ela também não exista. Não mais.

Um comentário:

Ju Fuzetto disse...

"Era melhor que o vazio seco, áspero e quente que a deixava em pânico pela ausência de uma única prosa. Verso. Palavra. Silêncio"

E tudo se torna oco!!

Tão bonito, beijo bom final de semana