sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Ela queria...

Ligou o som no último volume. Precisava escutar qualquer música que a tirasse de orbita. Pela primeira vez desejava perder a cabeça. Queria cometer qualquer loucura para sair da rotina. Mas era impossível, ela tinha um grande segredo: tinha medo da liberdade. Isso mesmo. Vivia em busca da sua, mas inventava histórias para mudar de caminho quando as asas estavam mais leves. Era puro medo. Um medo estranho, diferente talvez. Não paralisava, não impedia, mas também não dava gás para mudança. 
Queria sair de casa. Tomou banho. Colocou um vestidinho cor-de-rosa. Maquiou-se. Arrumou a bolsa e apressou-se. Nem sabia para onde ir, no entanto não era ali que queria ficar. Queria borrar a maquiagem sem que ninguém a visse, nem ao menos escutasse qualquer soluço. Queria voar, mas tinha medo de cair. Queria dançar, mas o medo de tropeçar a impedia. Queria grita, mas estava sem voz. Queria ficar bêbada, sem colocar qualquer gota de álcool na boca. Queria sorrir, mas sentia uma dor flagelante quando movia os músculos do rosto. Queria se despedir, mas não sabia de quem. Queria voltar, mas não sabia para onde. Queria lamentar as perdas. Queria dizer coisas importantes para pessoas do passado, mas não sabia onde encontrá-las. Queria pegar um avião com destino à felicidade, mas não tinha dinheiro para comprar o bilhete. Finalmente, ela descobriu. Queria morre para que sentissem sua falta, mas queria estar viva para assistir.

Um comentário:

João Lenjob disse...

Tô me sentindo no Pará!!
Tem cinco poemas novos em meu blog http://lenjob.blogspot.com e lhe apresento o Castelo do Poeta, http://castelodopoeta.blogspot.com, um super canal interativo de arte. Me fale o que achou, viu?? Abaixo poema.

João Lenjob

Na Nossa Tela
João Lenjob

Se quiser o céu numa tela
Eu o trago até você
Eu lhe dou pincel, tinta e uma aquarela
E as cores, dá você
Venho com estrelas, cometas e uma lua bela
Mas o sol, traga você.

Dance no céu, pintando como bailarina
Que sou platéia pra você
Seja a pintura mais pura, doce menina
Que sou menino pra você
Dê-me o amor da arte mais divina
E do amor faço você.

Ame menina, na nossa tela
Aquarela, eu e você

Se por acaso alguma cor lhe falta
Eu faço em verso pra você
Viro então um poeta astronauta
E fico no céu pra você
Enquanto pinta a nossa pauta
A poesia é feita pra você.