sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Meu tempo



Virei a ampulheta que estava sobre a mesa pelo menos umas quatro vezes. Olhei o celular mais umas trinta . Nenhuma mensagem. Nenhuma ligação nova. Ele se esqueceu do encontro, era só o que passava na minha cabeça. Não suportava esperar por ninguém, ainda mais naquela ansiedade de revê-lo depois da viagem. Antes de ele ir a Paris, saímos algumas vezes, nada sério, mas totalmente intenso. Achei que não ligaria na volta, no entanto ele até falou que sentiu saudades e precisava me ver. Nossa! Mas as parisienses são tão mais bonitas e cheias de charme. Não relutei. Também havia sentido falta dele. Não aquela saudade que provoca uma dor profunda, nem incômodo, mas a ausência dele deixou um sentimento diferente e que nem neologismo pode explicar. Não dessa vez.
Nenhum sinal. O calor e a umidade estavam altos, o que provocou uma vontade incontida de tirar o vestido, o salto e até a maquiagem. Logo perderia a paciência e me jogaria na cama. Liguei o ventilador, coloquei  Millencolin bem alto e me despi. Joguei-me loucamente na cama, quase cai. Ao menos com o som não dormiria, pelo contrário, me fez ter vontade de sair correndo pela rua. A minha mãe bateu no quarto me convidando para jantar. Recusei. Não precisava comer em casa, tínhamos reserva num dos restaurantes mais charmosos da cidade. Foi o que ele me disse quando me ligou um dia antes. 
O telefone tocou. Eu já nem sabia por onde tinha largado, sai procurando desesperada. Era ele. Atendi meio aborrecida, ele se fez de desentendido e disse que já estava passando pela minha casa. Coloquei o vestido, calcei a sandália, peguei a bolsa e o relógio. Desci a escada de casa gargalhando.
Com a minha mania de não viver o agora, estava adiantada pelo menos meia hora. E depois não quero que me chamem de neurada. Vai entender!

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