quinta-feira, 7 de janeiro de 2010



"Talvez agora você me desconheça mais..."
 (Clarice Lispector)


Depois de despir todas as máscaras, prometi não voltar atrás. Nem todas as minhas verdades convenceram, quiçá estivesses acostumado as insalubres mentiras. Segui pela coxia. A real.
Era inevitável escutar algum acorde e não te procurar. E sabe o que é engraçado? Não te encontrei. Nem que todos me dissessem que estavas alí. Não estavas. Talvez tenhas repetido várias vezes com a voz forte o meu nome, escrito num canto de papel meus apelidos, gravado cada pedaço do meu rosto, olhando as antigas fotos. Aí, sabe o que aconteceu? Acabou o breu. Ficar sóbria no palco foi impossivel. Na minha imaginação, a melodia era de suspense...
Os trapézios substituiram o linólio. As gargalhadas contagiaram o público. Não houve morte do cisne. Não houve ironia. Não houve sapatilhas em novos palcos. Nem bruxaria. Nem encanto. Nem hipnose.

Só silêncio.
Silêncio.
Pshiii.
Só.

Sobre o picadeiro. O soldadinho de chumbo assistia a pequena bailarina. Não calaria o único aplauso. No entanto, no 'Grand Finale' uma flor roxa caiu aos meus pés. A atenção, agora, era apenas para ele: o virtual palhaço.







2 comentários:

Tamires Lima disse...

Jússia

Você foi encantadoramente lindas nas suas linhas. Me vi desenhando toda a cena, e aplaudindo tudo de pé.
Tantas interpretações com essa flor roxa, não?

Parabéns, flor!
Volto aqui mais e mais vezes, com ou sem permissão, rs!

Um beijo doce.

Ju Fuzetto disse...

Aiiiiii que belo!!

Adorei seu espaço!!!!


Beijo grande