segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Suposição


Percorri o mundo tentando encontrar...Pensei ser Afrodite, Cleópatra, Helena, mas quando encontrei Amazan, semideus de Voltaire, entendi o quanto os homens são hipócritas e covardes. Todos os espelhos me enganaram..renasci como uma fénix.
Encontrei-me no meio do oceano, encharcada de sal, mas não entendia tanta lágrima. Por que tanto choro se não sinto fome, nem frio? Nem ao menos sofro a mazela de uma maldição. Sofrimento (?). Não, meu leitor, não sei o que é rezar pela alma de um filho perdido na guerra do mundo, nem fui marcada pela rosa radioativa, que li no poema de Vinícius.
Sinto como se estivesse na câmara de gás nazista, onde morreu Olga Benário, com uma significativa diferença: ela teve força para gritar, denunciou seu desespero. A sociedade, comovida, tentou salvá-la dando oxigênio, mas a fonte secou... Certamente, eu morreria aos ventos.
Se o destino fosse outro? Se eu tivesse nascido Drumond: marcaria a Literatura Universal? Se nascesse Ana Botafogo: deixaria minha alma nos belos teatros? E se fosse Tarcila do Amaral: seria um gênio revolucionário na pintura? Comporia as divinas sinfonias se tivesse a loucura de Mozart? Pois respondo, leitor, não poderia dar à humanidade tantos incensos, ouros e mirras.
Contento-me em ter respirado tantos deuses. Minhas lágrimas rolam melhor nos textos de Clarice, meus sorrisos encantam mais nos palcos com as bailarinas. Minha dor espalhou com a abertura da caixa de Pandora, mas cicatrizou com a música angelical e a poesia divina.

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