domingo, 10 de agosto de 2008

Auto retrato

Eu não tinha esse rosto de hoje, meio indefinido, meio sem jeito, marcado pelas ilusões e expressões da vida, nem esses olhos fundos que refletem um sonho acabado.

Eu não tinha esse coração congelado e melancólico que foi destruído com o tempo, nem essa respiração ofegante que ficou pelo cansaço das tentativas, talvez frustradas. Meus pensamentos ficaram viciados no passado, a memória esqueceu o futuro e perdeu o presente.

Eu não tinha essas lágrimas cristalinas que parecem romper o ar, ao rolar pela maçã do meu rosto, nem este tom irônico que ecoa de um coração frágil, que secou por ter sido exposto ao sol.

Eu não tinha esse vazio que preenche meu peito, nem esse silêncio que cala minhas esperanças. Eu tinha apenas um sonho, que o tempo carregou depois de um forte vendaval, deixando apenas uma profunda calmaria, a solidão.

Depois de me afogar nas emoções, perdi a noção da razão, a paixão e talvez até o coração. Então eu descobri que tinha tudo e não tinha nada.








Inspirado em Cecília Meireles!

3 comentários:

Érika Canavarro disse...

Verdade, eu nunca te fiz um elogio, vai ver é porque nunca quis que tivesses certeza da admiração que tenho por ti.

E pra te dizer: que não precisamos da opinião de ninguém pra nada, só da nossa.

Lindo o texto.
Perfeito de verdade. :))


Te amo, minha Ironia. ;)

Anônimo disse...

Esse texto é da Clarice Lispector ou da Cecília???

Não é seu, né, meu bem???

Plágio é crime.

Jússia Carvalho disse...

Querido anônimo, esse texto foi inspirado no texto retrato da Cecilia Meireles, mas não é plágio. Por favor, procure o texto dela na internet e você verá uma grande diferença.

Nunca plagiaria.
Os texto publicados aqui são de minha autoria.