quarta-feira, 28 de abril de 2010

Sala de aula


Na sala de aula, era a estranha. Parecia ter descido de pára-quedas de um planeta bizarro, inventado por qualquer lunático, naquele exato momento. Todos discutiam. Falavam de suas experiências na licenciatura, da ingratidão dos pequenos que eles insistiam em chamar de aborrecentes. Não tinha o que falar. Nunca havia respirado decepção. Talvez a frustração de tentar ensinar a língua materna para quem já a utiliza seja inevitável. Não há regras para a interlocução. Não precisa de coesão, coerência e tantas outras coisas que a gramática normativa obriga. Basta não haver ruído na comunicação. e tudo será delicioso. Provavelmente faltou criatividade nas mentes de quem aprendia, principalmente na de quem ensinava. 

Mil vezes li os textos do Bagno sobre preconceito linguístico, concordei com "a língua é o mar e a gramática um igapó". Mas ainda assim, sou viciada em vírgulas, em predicados,  em regência, em sujeitos, principalmente os determinados. E não adianta fazer cara feia. Eu sei, eu sei: sou aluna de letras e meu tcc fala sobre isso. Tá! Desculpem, sou a contradição, sou o oposto. E não adianta fazer análises do meu discurso. Não há nada implícito. Tudo o que deveria disse aqui. Sem precisar de metáforas. Incrivelmente sem precisar de máscaras. E se tudo parece verdade, talvez seja preciso reescrever. Ou reler!

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