segunda-feira, 26 de abril de 2010

Não há...

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Eu desci do avião meio sem pressa. Teria toda a eternidade para ver quem fosse. O fone ainda no ouvido dividia a atenção entre o zumbido da pressão, a voz da mãe e a música que tantas vezes ele tocou para mim naqueles dias fora de casa. Tapei para os três e só conseguia escutar a minha mente reclamando de tudo que era tão bonito na antiga cidade amada: a chuva, o vento quente, os tantos doces com farinha, os infinitos éguas que não paravam de rolar de inúmeras bocas desconhecidas...
Eu queria apenas me esconder, correr de volta para as asas de quem me trouxe à cidade das Mangueiras e visitar novamente a Morena, aquela que tão bem me acolheu e permitiu que pudesse novamente abraçar seu filho adotivo. Foi quase minha mãe por 10 dias, daquelas especiais, que apresentam o mundo sem cobrar um tostão. E a "filha" tão rebelde insistia em reclamar, em falar da original, desdenhando do amor "falso", "comprado". E agora eu sentia saudade... saudade... saudade. Daquelas que já nascem grandes, sem nem precisar crescer. Explodem sem pedir nenhuma licença.
Os pingos de água, que antes caiam no meu rosto, provocando sensação de liberdade, agora arrancavam lágrimas. Não há mais motivos para descer de canoa. Não há graça em tomar tacacá no final da tarde, mesmo no calor do equador. Não tem sentido correr entre as mangueiras e respirar aquele vento de chuva. Não há espetáculos no Theatro da Paz que me arranquem sorrisos... Não há mais cantos. Não há...
Se as minhas sinapses flutuam procurando alguém no rio Prosa...

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