terça-feira, 15 de setembro de 2009

Canoas


Nas águas barrentas da Bahia do Guajará, diversas canoas multicoloridas, em frente ao Ver-o-peso, passavam o dia enfileiradas. No início da tarde, quando os pescadores descansavam, as crianças brincavam de corrida pelas pequenas embarcações. Elas misturavam-se as cores, criando o branco, o monocromático. Apostavam. Gritavam. Bagunçavam. Riam. Balançavam. Chacoalhavam. O rio ajudava, trazia uma sensação de embalo maternal.

Quando acabava a cesta dos trabalhadores, voltavam às gritarias, mas desta vez de temor. Reiniciavam as correrias. A cor amarelada das águas, agora era fuga, máscara, esconderijo. Só dava tempo de escutar o rio acolhendo. Nenhum rosto era reconhecido. Do outro lado do cais, curumins davam as gargalhadas de todos os dias. Zombavam. Irritavam. Gracejavam.

A calmaria reconstruía o cenário, após as injúrias imprecadas pelos adultos. Agora, as cores, apenas elas, agitavam a imagem. Amanhã será um novo dia. [Re]Começará a esperança de se[r] [a]mar.

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