quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Só uma carta

Deveria ser uma carta de despedida, escrita enquanto meus olhos estão cheios de lágrimas e a razão fala mais alto do que qualquer emoção. Falta pouco mais de 60 minutos para meu embarque. Queria que estivesses aqui para que eu pudesse dizer tudo que queria. Eu amo você e vou morrer de saudades enquanto estiver no fim do mundo. Talvez não importe dizer nada disso agora, já até fiz check-in, minhas malas foram despachadas e a Laís não para de falar empolgada sobre como serão divertidos nossos dias na Argentina. E serão, certamente. Mas aí, meu querido, como fica a felicidade? 
Eu vou voltar. Não posso pedir para você esperar. Não posso implorar que aguente alguns meses sem a minha presença, com a possibilidade de retorno e partida. Talvez não seja justo. Mas o que é justo? Ficar na vontade de correr sempre para os seus braços, de brincar com seu humor e quase morrer com seus beijos? É justo ser o certo na hora em que as decisões são difíceis? É justo ser a chegada, quando estou de partida? Não! Seria tão mais feliz se pudesse arrastar você por mil léguas ao meu lado, para viver qualquer caso de amor pelo tempo que fizer bem a nós dois e depois mais uma vez me transformar para reconquistar você. Porque aí teremos mudado, seremos novos e ainda sim esses novos nós serão amantes. Amantes inocentes, sem casos extras, porque a única coisa que sobra aqui é amor.
Parece surreal, ideia, banal. Qualquer coisa assim. Mas aí, com toda a minha razão, com toda essa história de pensar em metas para 5, 10, 20 anos pode ser modificada se você resolver que é a hora certa. Aí, daqui há 5 anos, Paris terá um gosto diferente, um cheiro bom e uma voz rouca nos meus ouvidos. Paris será ainda mais encantadora e não precisarei chorar desesperada quando o avião decolar. 
Mesmo que esse e-mail seja instantâneo e ainda dê tempo de você me alcançar, talvez a sua dúvida seja eterna e impeça que você se mova da cadeira. Espero que não seja tarde. Não importa onde eu vá, sempre que ver o mar lembrarei da felicidade que seus olhos me provocam. Não, mon cher, não é paixão. Vai além. Eu descobrir o que é amor: é quando o sorriso é mais importante que as regras. 

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