sábado, 18 de abril de 2015


 Acordei em transe.

- Amor? (falei com a voz misturada com sonolência e saudade)
Ninguém responteu. Parecia que eu tinha dormido contigo, como faziamos sempre. Ficavas deitado de bruços ao meu lado e eu me aninhava nas tuas costas. Achei que tivesses ido ao banheiro, mas só ouvi silêncio. Não estavas lá.
Desci para ver se tinhas sentido sede. Chamei mais uma vez
- Neguinho? Amor?
Continuavas em silêncio. Comecei a ficar irritada, uma brincadeira de mal gosto acordar de madrugada e não te encontrar. Olhei para a porta e estava aberta. Fazia tempo que não vinhas, só foi a saudade que fez eu imaginar coisas.

sábado, 4 de abril de 2015

Eu errei o caminho de casa

Hoje, eu errei o caminho de casa. Lembrei daquela vez que erraste a rua e entraste na contramão, tomamos um susto muito grande e depois rimos da nossa descontração. A gente estava conversando, falando sobre qualquer coisa importante, que já não lembro. Eu gostava de falar sobre o que fosse contigo. A gente fingia discutir sério. Muitas vezes brigava por não concordar com o que o outro dizia. Tantas vezes eu fechava a cara, quando parecias não te importar em como eu pensava. Mas na maioria das vezes, aprendíamos muito um com o outro. Ríamos. Achávamos engraçado falar tanta bobagem.

Ontem, eu errei o caminho de casa. Entrei numa farmácia e fiquei andando entre os corredores. Parei no de perfumes e desodorantes. Eu só ia passar. Mas aí vi o vidro de desodorante que usavas. Saia do banheiro, depois do banho, depois de um ritual para se enxugar, e entrava no quarto agitando o vidro de desodorante para se borrifar ali. Quando vi o vidro de desodorante, eu não ia parar. Não ia pegar. Não ia sentir o cheio. Só que quando eu percebi, já estava espirrando no ar para relembrar teu cheiro. Como era gostoso! Quis comprar um vidro só para ter comigo em pote o cheiro de felicidade. Mas não era exatamente igual. Faltava uma química daquele desodorante com a tua pele para ser o meu odor de profunda felicidade. Só passei um pouco no meu braço, para mais tarde te lembrar.
Semana passada, eu errei o caminho da casa. Fui parar na tua. Passei em frente, olhei para cima, contei 5 andares... olhei para a janela do teu quarto, na esperança de saber alguma coisa de ti. Não estavas lá, como não estás mais aí para a minha vida, meus problemas, minha felicidade. Não estavas, como me disseste que estarias. Eu quis interfonar, ouvir tua voz e correr, como as crianças levadas com as campainhas. Só que fui levada de lá para bem longe, fugindo de um amor que me acompanha diariamente.
Mês passado, eu errei o caminho de casa. Bebi três caipirinhas e minha saudade falou mais alto que tudo. Liguei, chorei, implorei que pensasses em mim, quando nem eu mesma podia fazer isso por mim. Tu foste lá, entraste no bar, foste doce (como todas as malditas vezes que eu te vi) e me levaste embora. Achei que me levarias para casa. Levaste para tua. Cuidaste de mim, como quem cuida de um amor que está perdido. Tinha carinho, compaixão e amor. Só não tinha tu, porque estavas perdido, num caminho que nem eu errando posso encontrar.
Dois meses atrás, eu errei o caminho de casa. Sai da tua e fui para um lugar onde quase ninguém pode estar em vida: o inferno. Saí do paraíso, onde o amor era nobre e entrei no descaso.
Amanhã, eu vou acertar o caminho de casa. Vou voltar a ser quem eu era e ainda melhor, serei uma pessoa mais bonita e sincera do que antes. Não vou deixar de doar o meu amor, tampouco vou te esquecer. Vou te levar comigo, mesmo que não peças isso.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Só queria te dizer que eu achei um jeito de te esquecer e esse jeito foi te apagando de mim. Logo teremos que ser (re)apresentados. Não lembrarei quem és.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Como, hoje, é dia da saudade, eu conta as minhas:

Broa - um doce branco que vendia na praia quando eu era criança. Tem paladar da infância, docinho!
Igarapé - quando era muito guria, minha avó tinha um igarapé com as águas mais claras e geladas do mundo. Eu gostava de visitar.
Tom Jobim - desde criança, o som do maestro me faz feliz. Lembro com dor do dia da morte dele. Nem tinha 10 anos e meus soluços foram reais. Foi a minha primeira perda concreta.
Paris - de um jeito estranho, tenho uma conexão com a cidade mais charmosa do mundo que não sei explicar. Sinto saudade de lá com frequência. Às vezes me teletransporto em sonho para fazer o dia ser mais gostoso.
Pessoas - Algumas! Tem gente que deveria ter ficado, mas se foi. E às vezes dói uma dor de saudade que não pode mais ser terminada.
Estrela - uma que tem nome da música que me arranca soluços e brilha, todo dia, na minha saudade.
Proa - um projeto bem lindinho, que daria meu mundo pra ter tocado. Talvez, o barco me encontre no caminho. Quem sabe!
9 anos - foi quando eu descobrir que a melhor coisa da vida era viajar. E nessa época, as contas não eram minhas e os meus problemas se resumiam em tirar notas boas.
Belém - a minha cidade que era antes LINDA e, hoje, precisa de muito carinho e atenção.



domingo, 4 de janeiro de 2015

Bem,

Queria te escrever e dizer o que se passa comigo, mas estás tão distante agora. Já não tens notícias minhas. Já não tem amor. Já não tem qualquer tipo de preocupação sobre como eu acordei. Se eu tomei café da manhã. Se eu comi direito. Se estou feliz. Agora, tuas preocupações são com outra. Não tenho qualquer tristeza por estares vivendo um novo caso. Sei que isso vai te fazer bem. Os sentimentos que não sabes explicar te dominam e fazem bem. Pelo menos parecem fazer. Estás feliz aí e me sinto tranquila por isso.
A única coisa que, às vezes, deixa um vazio é quando tem tempestade e falta luz. Tenho medo do escuro. Aí fico imaginando quando tu me abraçavas apertado, segurava a minha mão e dizia que ficaria tudo bem. Tenho saudades da tua presença e das nossas gargalhadas. Éramos divertidos, enjoados, rabugentos, encrenqueiros... dependia do dia e da vontade.
Não estou pedindo para o tempo voltar, porque não vivo de passado. Muito menos pedindo para que voltes. Só queria não sentir mais medo do escuro.

sábado, 27 de dezembro de 2014

Gosto de histórias de amor.
Não gosto de amor sem histórias.
Nem de histórias de amor com dor.
Tão pouco dor.
Gosto só de amor.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

A menina sonhadora que (sempre) existiu em mim voltou. Por longos anos, abri mão de sonhar sonhos, sonhava realidade. Sabe como é? Você vai respirando, vivendo, trabalhando, surtando, se apaixonando e achando que sonha alto, quando na verdade o sonho era real, não sonho. E aí você fica loucamente cega e acha que o mundo gira em torno de uma vontade. Mas um dia, você volta a se tomar na mão. Fecha toda a casa (porque nem tudo que está aberto é bom), não recebe visitas enquanto arruma a bagunça e, um dia, escancara as janelas e portas para ver o sol nascer, exalar vida e se por.